O solo é ao mesmo tempo, suporte e sustento das plantas, regulando o aporte de água e nutrientes, em íntima relação com bactérias e fungos em simbiose com as raízes.
Sem vegetação para proteger e reter o solo, a água pluvial e os ventos arrastariam as partículas. A temida erosão no solo ocasiona grave perda de fertilidade e efeitos colaterais que minam o ciclo hidrológico.
Quando chove sobre uma região, a água é interceptada por folhas e ramas, impedindo o impacto direto das gotas sobre o solo. A água escorre, lentamente, ao longo de ramas e troncos, para o chão, coberto por folhas e restos de plantas. Depois de interceptar a água pluvial, as florestas favorecem a drenagem do excesso de umidade, facilitando sua infiltração através do perfil do solo. Os solos dos ecossistemas florestais são porosos, em razão de sua riqueza de matéria orgânica e intensa atuação da biota, micro e macro, que lhe são inerentes.
Em virtude dessa peculiaridade, os solos de terrenos florestais captam, absorvem, filtram e acumulam, lentamente, água procedente das precipitações e fusão de neves. Através desse processo, a água é filtrada como se passasse por um fino filtro, basta alcançar os depósitos subterrâneos para que se possa explorá-los para consumo humano.
Em uma superfície sem árvores, grande parte da água pluvial escorre sobre a superfície do solo, provocando erosão e inundações de cursos fluviais. Essa água que flui, veloz e descontroladamente, na parte inferior da bacia desmatada, em sua maior parte, é perdida, prejudicando a recarga dos aquíferos e abastecimento de plantas, animais e da população. Por isso as zonas de recarga devem ser protegidas por florestas, pois podem influenciar na quantidade e qualidade dos recursos hídricos. Além de reduzir o assoreamento dos cursos d’água, as florestas reduzem o volume de inundações e aumentam, significativamente, a vazão nos períodos secos. A erosão reduz a fertilidade dos solos, modifica e degrada a vegetação, que por sua vez afeta o ciclo hidrológico e a fauna. Solos sem vegetação significam solos desprotegidos, com baixo conteúdo de matéria orgânica e reduzida biodiversidade, insuficiência de água e elevadas taxas de erosão.
Cada ano 24 milhões de toneladas de inestimáveis terras cultiváveis são arruinadas por erosão hídrica e eólica, em virtude de cultivo e pastoreio excessivo, e desmatamento indiscriminado de florestas. Esse ritmo de perda de solos agrícolas a nível mundial é 10 a 40 vezes superior a sua reposição.
O desmatamento provoca efeitos nefastos nas bacias hidrográficas. O desencadeamento de consequências fica difícil de prever e, em alguns casos, impossível de reparar os danos causados.
Estima-se que todos os rios lançam, anualmente, nos oceanos 20 km3 de material removido por erosão, incluindo 85% de partículas aluviais (sobretudo argila e areia) e 15% de substâncias dissolvidas, sobretudo carbonato, silicatos, sulfatos, cloretos e sais de ferro.
Seguido pelo desmatamento, o pastoreio excessivo, cultivos em ladeiras inclinadas e falta de uso de práticas de proteção conduzem o solo a erosão. Esse fenômeno afeta o papel dos solos na vitalidade dos ecossistemas, reduzindo sua capacidade de atuar como filtro de contaminantes, de colaborar com ciclo hidrológico e ciclagem de nutrientes, de prover habitats para a biodiversidade e depósito de carbono.